Disciplina - Matemática

Matemática

20/12/2013

Matemática: academia X ensino

Matemática se destaca na academia, mas ensino no Brasil ainda preocupa

País quer ser sede do Congresso Internacional de Matemática em 2018.
No último Pisa, Brasil ficou em 58º lugar no ensino da matéria.

Pergunte a qualquer aluno dos ensinos fundamental e médio qual a matéria que mais assusta e a resposta, na maioria das vezes, será a mesma: matemática. Mas, para além das dúvidas escolares, ela está presente em nossa vida. Mas como surgiu? Teria sido uma descoberta ou criação humana? “O homem foi levado a criar a matemática, foram as necessidades. O Einstein repetiu que a matemática era a mais querida das ciências porque as validações de resultados, sempre que fossem expressos em termos matemáticos, eram mais confiáveis”, diz Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências.

Mesmo sendo uma criação de nosso gênio inventivo, a matemática foi descrita por Galileu como “o alfabeto de Deus”, para a fúria da Igreja do século XVI. Hoje, mais do que responder às nossas necessidades, ela é capaz de levar a descobertas em todas as áreas da ciência, da biologia à física elementar. “O matemático procura entender abstrações que revelam os mecanismos que a gente utiliza e como eles funcionam”, destaca Luiz Velho, coordenador do Visgraf, do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa).

Para resolver problemas e propor novas questões, um grupo de cientistas de renome, como Lélio Gama, Leopoldo Nachbin e Maurício Peixoto, criou em 1952 o que se tornaria o maior centro de excelência na área do país, o Impa. O trabalho desenvolvido no instituto, que desde 2006 é parceiro do Centro Francês de Pesquisas Científicas, coloca a matemática brasileira no primeiro time da comunidade científica. “O Brasil é um país que historicamente tem ocupado um espaço muito inferior ao potencial que tem. Não temos o peso internacional que merecíamos ter. Na matemática, isso é um processo que vem sendo construído há mais de 50 anos”, aponta o presidente da Sociedade Brasileira de Matemática, Marcelo Viana. O reconhecimento da posição brasileira é a candidatura do país à sede do Congresso Internacional de Matemática de 2018, bem como a participação de quatro matemáticos, todos do Impa, no Congresso de Seul em 2014.

Os desafios do ensino

Mas, se na academia nossa matemática se destaca, o mesmo não se pode dizer daquela que é ensinada nas escolas. No último resultado do Pisa, exame elaborado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil ficou em 58º lugar entre 65 países. Mas um dado alimenta a esperança: o país teve o maior avanço no desempenho em matemática de alunos de 15 anos entre 2003 e 2010.

Para Viana, o problema do ensino da matemática é universal. Ele acredita que três medidas podem ser tomadas para que o país avance na área. “Primeiro, é necessário que haja um investimento consistente por parte dos governos de todos os níveis na educação. Segundo, é necessário investir também na capacitação e na valorização do professor. Terceiro, é impossível separar a matemática como ciência da matemática como ensino”, enumera.

Esta notícia foi publicada em 20 de dezembro 2013 no G1. Todas as informações são responsabilidade do autor.
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