Disciplina - Matemática

Sugestão de atividade - Poesia matemática

Com os alunos reunidos em grupos (4 ou 5 elementos), distribua um dicionário de Língua Portuguesa e uma cópia do poema do Millôr Fernandes (texto a seguir). Solicite que façam uma leitura silenciosa e em seguida, anotem termos matemáticos (com seus respectivos significados) que identificam no poema. Após essa etapa, solicite que um aluno de cada grupo escreva no quadro os termos conhecidos e desconhecidos que identificaram. Questione-os sobre os quais os conceitos que encontraram e encaminhe a discussão para que os alunos consigam fazer aproximações desses conceitos, relacionando-os com conteúdos matemáticos.

POESIA MATEMÁTICA

Às folhas tantas do Livro Matemático um Quociente apaixonou-se um dia, doidamente, por uma linda incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável e viu-a do ápice à base uma figura ímpar. Olhos Rombóides! Boca Trapezóide! Corpo Retangular! Seios Esferóides! Fez da sua uma vida paralela à dela, até que se encontraram no infinito.
- “Quem és tu?” indagou ele em ânsia radical.
“Sou a soma do quadrado dos catetos. Mas pode me chamar de hipotenusa.”
E de falarem, descobriram que eram, (o que em aritmética corresponde a almas irmãs) primos entre si.
E assim se amaram ao quadrado da velocidade da luz, numa sexta potenciação, traçando ao sabor do momento e da paixão, retas, curvas, círculos e linhas sinoidais, nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das formas euclidiana.
E os exegetas do Universo Finito. Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar, construir um lar, mais que um lar, um perpendicular.
Convidaram para padrinhos o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro sonhando com uma felicidade integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones muito engraçadinhos.
E foram felizes até que um dia, em que tudo vira afinal monotonia.
Foi então que surgiu O Maximo Divisor Comum, freqüentador de círculos concêntricos, viciosos, ofereceu-lhe, a ela, uma grandeza absoluta e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, quociente, percebeu que com ela já não mais formava um todo, uma unidade.
Era o triângulo, tanto chamado amoroso. Desse problema ela era uma fração a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade e tudo que era espúrio passou a ser moralidade como, aliás, em qualquer sociedade.
Millôr Fernandes Texto extraído do livro “Tempo e Contratempo”, Edições O Cruzeiro – Rio de Janeiro, 1954, pág. sem número, publicado com o pseudônimo de Vão Goge
Cópia do poema disponível em: http://egui.blogspot.com/2005/08/poesia-matemtica-millr-fernandes.html

Essa atividade pode ser desenvolvida em parceira com o professor de Língua Portuguesa que pode auxiliar, explorando o poema em outra ótica: buscando destacar o tema central; a quem se destina; como o poema foi escrito; quais os elementos centrais do texto; conceitos da época que foi escrito (contexto existente); além de outros elementos possíveis.


Esta atividade foi extraída da aula Poemas matemáticos da professora Eguimara Selma Branco - Curitiba/PR. Disponível no Portal do Professor/MEC. Acessado em 12/07/2013. Todas as informações contidas nela são de responsabilidade da autora.
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